O poeta do Brasil, circa 1977
Autobiografia bastante resumida
[resumo escrito por Paulo Cesar Pinheiro
23 de março 2002
(quando ainda grafava César com é)
como introdução ao seu primeiro livro de poesia,
Canto Brasileiro; tinha 27 anos na época]
PCP com o parceiro Baden PowellFilho de pais operários, nasci em 28 de abril de 1949. Sou de touro. Sangue misturado. Caboclo e índio. Meu pai sendo do sertão do Cariri, Campina Grande, Paraíba. Minha mãe de uma das ilhas do litoral de Angra dos Reis, Estado do Rio. Ramos, subúrbio da Leopoldina, foi meu berço. Com 3 anos fui para Jacarepaguá, vila dos trabalhadores da Light (onde ficou o suor de meu pai). Aos 10 anos senti um nó na garganta e fiquei até hoje com a imagem de um velho caminhão de mudanças na cabeça: fui para São Cristóvão. Entre Jacarepaguá e São Cristóvão, Angra dos Reis na minha vida. Foi lá que fiz meu primeiro verso. Tinha 13 anos. Sensação igual nunca mais senti. João de Aquino, primo de Baden Powell, foi meu primeiro parceiro. Com ele fiz, aos 15 anos, VIAGEM, que se imortalizou. Aos 16 comecei a minha parceria com Baden com o samba LAPINHA que em 1968 vencia a 1.a Bienal do Samba da TV Record e foi a minha 1.a música gravada. Com Ellis Regina, o grande ídolo da época. De lá pra cá fui conhecendo os grandes e compondo com eles. Depois todos gravavam meus sambas. A safra com Baden era grande e aumentava cada vez mais. Era Ellis, era Elizeth Cardoso, era MPB-4, era Márcia, e era o próprio Baden, ídolo de toda a Europa, gravando lá fora. Em 70 fui com ele pra Paris. Fiquei perto de 15 dias. Fui pra ficar. Acabei voltando por causa daquela esquina de São Cristóvão. Ganhei mais 2 festivais: um universitário de S. Paulo com E lá se vão meus aneis com Eduardo Gudin, e o outro, o Internacional da Canção com Diálogo com Baden, no Brasil e na Espanha. Além de classificações em outros com Sermão (com Baden), A Grande Ausente (com Francis Hime), Sagarana (com João de Aquino), Anunciação (com Francis), etc.
O trabalho começou a aumentar e se estender nesses últimos anos. As parcerias foram sendo feitas. Com Baden umas 90 músicas já, dentre as quais Samba do Perdão, Falei e Disse, Quaquaraquaquá, Aviso aos Navegantes, com Ellis; Carta de Poeta, É de Lei, Refém da Solidão, A Volta, Violão Vadio, com Elizeth; Rimas, Elegia, Última Forma, com Márcia; a trilha de novela da Rede Globo O Semideus com 12 músicas; a trilha do filme A Vingança dos Doze; 3 ou 4 shows de Baden escritos por mim e etc... Com Gudin, A Velhice da Porta-bandeira, Mordaça (MPB-4), Olha quem Chega, Justiça (Elizeth), Maior é Deus (Beth Carvalho) etc. Com Maurício Tapajós, Pesadelo, Faz Tempo, Agora é Portela74 (MPB-4). Com Dori Caymmi, a música do filme TTati, a Garota, Evangelho. Com Edu Lobo, a música da peça A Teoria na Prática é Outra, Vento Bravo (Edu e Herb Alpert). Com Miltinho, Cicatrizes, De Palavra em Palavra, também com Tapajós, Canto dos Homens (MPB-4). Com João Nogueira, Espelho, Batendo a Porta, Braço de Boneca, Eu, Hein, Rosa (João). Com Paulinho Valdez A Água e a Pedra, Antes, Durante e Depois (Elizeth).
De 73 pra 74 gravei meu 1.o LP cantando minhas músicas. Em 74 fiz a versão da peça PIPPIN, com 15 músicas, montada no Teatro Manchete. Em 75 fizemoseu, Gudin e Márciao show O Importante é que a nossa emoção sobreviva, em São Paulo. E gravamos um LP ao vivo. E fizemos as músicas do filme A Flor da Pele. Me casei nesse ano com Clara Nunes pra quem já fiz muitos poemas e um samba lindo chamado MINEIRA com João Nogueira. Clara também já gravou coisas minhas: Menino-Deus e Canto das Três Raças com Mauro Duarte; Punhal e Valsa de Realejo com Guinga. Em 76 estreei no Teatro Ginástico do Rio e gravei o 2.o LP do show. Tenho entre 150 e 200 músicas gravadas, sem contar com regravações, o que iria a mais de 500. Na gaveta, inéditas, mais umas 100. O que, tendo como tenho 27 anos, e com 9 de profissional, acho que está razoável. Lanço em 77, depois de muitas pedras no caminho, esse meu 1.o livro de poesias que, como diz o Chico Buarque no prefácio, não vende no Brasil.
Mas Tô sempre por aí como diz um samba meu devidamente liberado pelos órgãos competentes.
Paulo César Pinheiro
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