:: The articles in this series were originally
:: published in Daniella Thompson on Brazil.


 

The Boeuf chronicles, Pt. 11

Maricota, Borboleta, or O Roceiro?
Will we ever know?

Daniella Thompson

7 June 2002


Marcelo Tupinambiná in 1925

The caboclo melody of Marcelo Tupinambá had enormous success in Europe at the concerts of Villa-Lobos. A Parisian critic asked this musician of ours if the French modernist composer Darius Milhaud, having lived some years in Brazil, would not have been inspired by Tupinambá. Villa-Lobos, to sum up, replied: “He copies, he edits Tupinambá.”

— Dr. Ulisses Paranhos, História da Música

Ernesto Nazareth was the forefather of our rhythm. Marcelo Tupinambá is the follower. The latter is the only musician who would create his rhythm to differ from the others, to be his and Brazil’s.

— Fernando Mendes, O Ritmo Brasileiro

Almost two years ago, when I first dipped my toe into the Boeuf puddle and began to stir the mud, I did a search in Usenet, where I found a post from Marcelo Meira, identifying one of the quoted tunes as “Borboleta” (Northeastern Folklore), a song recorded by Marisa Monte in her 1991 CD Mais:

Borboleta pequenina
Que vem para nos saudar
Venha ver cantar o hino
Que hoje é noite de Natal

Eu sou uma borboleta
Pequenina e feiticeira
Ando no meio das flores
Procurando quem me queira

Borboleta pequenina
saia fora do rosal
Venha ver quanta alegria
Que hoje é noite de Natal

Borboleta pequenina
Venha para o meu cordão
Venha ver cantar o hino
Que hoje é noite de Natal

A month later I discovered that the melody of “Borboleta” was identical to that of “Maricota, Sai da Chuva” by Marcelo Tupinambá. The question that arose and hasn’t been put to rest since then is: which came first?1

“Borboleta” is the name of a reisado—a dance executed in the north and northeast as part of the Christmastime celebrations. The reisado was imported to Brazil from the Iberian peninsula in the 19th century and was customarily danced on the eve of the Dia de Reis (6 January) to celebrate the birth of Jesus.

The lyrics above invite the little butterfly to come to the singer’s cordão. Another folkloric Christmas manifestation is the Pastoril. Divided into two cordões, one blue and the other red, pastoras dance and sing about the birth of Jesus amid rustic ornamentation.

Did “Borboleta” precede “Maricota, Sai da Chuva,” or were the “Borboleta” lyrics added to Marcelo Tupinambá’s melody? The questions don’t end there. Professor Aloysio de Alencar Pinto uncovered yet another tune whose first part corresponds exactly to that of “Maricota.” Titled “O Roceiro,” it is attributed to Eduardo Bourdot, a composer active in São Paulo at the beginning of the 20th century.

Whether it originated as a folk tune or a popular one, composed by Bourdot or by Tupinambá, we can be certain of one thing: when Milhaud bought his “quantité de maxixes et de tangos” in order to get the hang of that imperceptible pause in the syncopation, he was buying Tupinambá’s piano scores.

1. The question was finally answered in 2014. The original folkloric song, “Borboleta de Natal,” was collected in Segipe by Sylvio Roméro, who published it in the book Cantos populares do Brasil (1897). The musical score of “Borboleta de Natal,” adapted for piano and voice by Annibal de Castro and published by Vieira Machado in 1898 or 1899, has a melody that is altogether different from that of “Maricota, Sai da Chuva.”


Tune No. 11: “Maricota, Sai da Chuva” (1917)

Like “Viola Cantadeira” (tune no. 2, by the same authors), “Maricota, Sai da Chuva” is a tanguinho first presented in the opereta sertaneja Scenas da Roça, written by Arlindo Leal.

Like the “Viola Cantadeira” piano score, “Maricota, Sai da Chuva” (or “Maricóta, Sáe da Chúva,” as it was called then) sold for 1,500 réis, carried the subtitle Canção Sertaneja, and announced that the song was part of the repertoire of the duettistas Os Garridos. Here, too, Arlindo Leal’s name appears as original author of Scenas da Roça, with no specific credit for the lyrics. Like “Viola Cantadeira,” “Maricota, Sai da Chuva” was first published by Sotero de Souza—the very same Sotero to whom the youthful João de Souza Lima, aka Xon-xon, used to sell his impromptu creations for 20 mil réis (the retail price of 13 piano scores) whenever “Os Voadô” needed pocket change for a night on the town.

Section A of “Maricota, Sai da Chuva” can be heard at 5:44 min. into Louis de Froment’s recording of Le Boeuf sur le Toit.

The earliest “Maricota” recording listed in Fundação Joaquim Nabuco’s database was made by the group O Passos no Choro in 1919. On its flip side (121516), the same disc bore “Viola Cantadeira.”

Autor: Marcelo Tupinambá
Título: Maricota, Sai da Chuva
Gênero: Tanguinho
Intérprete: Grupo O Passos no Choro
Gravadora: Odeon
Número: 121515

In 1952, the song was recorded again, this time by Trio Madrigal and Trio Melodia. The baião arrangement was written by Radamés Gnattali.

Autor: Marcelo Tupinambá
Título: Maricota, Sai da Chuva
Gênero: Baião
Intérprete: Trio Madrigal & Trio Melodia
Gravadora: Continental
Número: 16.600-A
Matriz: C-2813
Data gravação: 19.03.1952
Data lançamento: Jul/1952

In October of the same year the two trios performed the song live on the Rádio Nacional program Quando Canta o Brasil.

Trio Madrigal was a feminine vocal group formed in 1946 by the maestro Alceu Bocchino at Rádio Mayrink Veiga. The members at the time of the recording of “Maricota, Sai da Chuva” were Edda Cardoso, Magda Marialba, and Lolita Koch Freire. The trio began recording in 1949 and was heard in all the Rádio Nacional programs. They registered two hits among the top 100 Brazilian songs of 1951 and one in 1954. They often sang on the radio with Trio Melodia, and the two trios recorded 38 songs together.

Trio Melodia was made up of the well-known singers Nuno Roland, Paulo Tapajós, and Albertinho Fortuna, all of whom had solo careers. The trio was formed by Paulo Tapajós for the launch of the radio program Um Milhão de Melodias in 1943. That program ran for 13 years on Rádio Nacional, and both it and its substitute Quando Canta o Brasil were conceived and directed by Tapajós, with musical arrangements by Radamés Gnattali, who also conducted the Orquestra Brasileira de Radamés Gnattali, created especially for Um Milhão de Melodias. Trio Madrigal and Trio Melodia were regular fixtures on the programs during the ’40s and ’50s.

Listen to an excerpt from Trio Madrigal and Trio Melodia’s 1952 recording.


Paulo Tapajós and Radamés Gnattali

Several instrumental versions have been recorded by pianists Mário de Azevedo (in the LP Marcello Tupynambá na Interpretação do Pianista Mario de Azevedo, Sinter SLP-1090; 1956), Marcelo Guelfi (1983), and Eudóxia de Barros (in the CD Lua Branca,1999).

The lyrics, once again poking fun at caboclos, sound outrageous but in fact are quite innocent. “Aconstipar” in the context of the song has to do not with intestinal constipation but with the nasal kind (i.e., catching a cold).

The Brazilian author Mário de Alencar tells of another context for the song’s title. In his essay Cousas do Tempo, published in 1920, Alencar unleashes a long harangue about dance music of the day, reporting that for greater effect, dance orchestras often stopped playing in the middle of a tune, and the band leader would yell “Maricota, sai da chuva!” or a similar refrain before the music was resumed:

Agora a música dos bailes não tem o compasso de ondulação suave: chocalha; não deslizam os pés: sapateiam; não se alinham os corpos em par que revoa, apenas unidos pelo toque leve dos braços: agarram-se, aferram-se; nem o movimento é composto pela atitude da beleza: os troncos dobram-se, chocam-se, sacodem-se e pulam, desconjuntam-se e descambam, ou só remexem, jungidos, em quebros de melopéia ou batuques de cateretê, durante os quais não raro, para maior efeito, há uma pausa na música e um grito do batuta: Maricota, sai da chuva! ou estribilho equivalente. E o saracoteio recomeça mais vivo, num gingo-gingo estonteado e suado de samba.

The following lyrics come from the piano score published by Sotero de Souza. Below them you’ll find the poem “Tanguinho Macabro” by Vinicius de Moraes, which puts a whole new twist on the Maricota story.

Maricóta, sáe da chúva...
Tanguinho
Canção Sertaneja
Da opereta sertaneja “Scenas da Roça”
Original de Arlindo Leal
Musica de Marcello Tupynambá

Côro:
Maricóta, sáe da chúva
Deixa, deixa de embromá
Maricóta, sáe da chúva
Que tu vaé te aconstipá
A chúva tá penêrano
Tá penêrano no á
Maricóta, sáe da chúva
Que tu vaé te aconstipá

Maricóta:
Não tenho medo da chúva
Nem do ronco do trovão
Eu quero mêmo que chôva
Pra lavá meu coração

Penêra, chuva, penêra;
Não deixa de penêrá...
E prô sê triste rocêra
Como tu anda a chorá...

Côro:
Maricóta, sáe da chúva, etc...

Maricóta:
Não tenho medo da chúva, etc...

Lá no ceo tá fuzilano
Vejo as nuvens a se mexê
,Pode sê que seja engano
Se chovê logo se vê...

Côro:
Maricóta, sáe da chúva, etc...

Maricóta:
Não tenho medo da chúva, etc...

Óia o sór já pareceu...
Já, não chóve, nhô Vadô,
Óia o arco, lá no céu,
A trovada já passô...

Côro:
Maricóta, sáe da chúva, etc...

Maricóta:
Não tenho medo da chúva, etc...

Cala a bocca, nhô Vadô
Que essa chúva não me móia...
Vá s'imbora, minha gente,
Que moiada eu não estô...



Tanguinho Macabro
(Vinicius de Moraes)

- Maricota, sai da chuva
Você vai se resfriar!
Maricota, sai da chuva
Você vai se resfriar!
- Náo me chamo Maricota
Nem me vou arresfriar
Sou uma senhora viúva
Que náo tem onde morar.

- Maricota, sai da chuva
Você pode até morrer!
Maricota, sai da chuva
Você pode até morrer!
- Pior que a morte, seu moço
É ser moça e náo poder
Mais morta que estou náo posso
Tomara mesmo morrer.

- Maricota, vem comigo
Para o meu apartamento!
Maricota, vem comigo
Para o meu apartamento!
- Fico muito agradecida
Pelo generoso intento
E sem ser oferecida
Aceito o oferecimento.

- Maricota, meu benzinho
Tira o véu para eu te ver!
Maricota, meu benzinho
Tira o véu para eu te ver!
- Ah, estou tão envergonhada
Que nem sei o que dizer
Só mesmo a luz apagada
Poderei condescender.

- Maricota, esse perfume
Vem de ti ou de onde vem?
Maricota, esse perfume
Vem de ti ou de onde vem?
- E o odor que se tem na pele
Quando pele não se tem
E o meu cheirinho de angélica
Que eu botei só pro meu bem.

- Maricota, dá-me um beijo
Que eu estou morto de paixão!
Maricota, dá-me um beijo
Que eu estou morto de paixão!
- Satisfarei seu desejo
Com toda a satisfação
Aqui tem, seu moço, um beijo
Dado de bom coração.

- Maricota, os seus dois olhos
São poços de escuridão!
Maricota, os seus dois olhos
São poços de escuridão!
- Não são olhos, são crateras
São crateras de vulcão
Para engolir e etcetera
Os moços que vêm e vão.

- Maricota, o teu nariz
São duas fossas de verdade!
Maricota, o teu nariz
São duas fossas de verdade!
- Não é nariz não, mocinho
E uma grande cavidade
Para sentir o cheirinho
Dessa sua mocidade.

- Maricota, a tua boca
Não tem lábios de beijar!
Maricota, a tua boca
Não tem lábios de beijar!
- Não é boca, meu tesouro
É um sorriso alveolar
São quatro pivôs de ouro
Presos no maxilar.

- Maricota, tuas maminhas
Tuas maminhas onde estão?
Maricota, tuas maminhas
Tuas maminhas onde estão?
- Estão na boca de um homem
E do seu filho varão
Maminhas não eram minhas
Eram coisas de ilusão.

- Maricota, que engraçado
Onde está seu buraquinho?
Maricota, que engraçado
Onde está seu buraquinho?
- Buraco só tenho um
De sete palmos neguinho
Mas é melhor que nenhum
Pra caber meu amorzinho.

- Maricota, estou com medo
Estou com medo de você!
Maricota, estou com medo
Estou com medo de você!
- Não se arreceie, prometo
Que nada tens a perder
Mais vale amar um esqueleto
Que uma mulher, e sofrer.

E a Morte levou o moço
Para o fatal matrimônio
Deu-lhe seu púbis de osso
Sua tíbia e seu perônio
Diz que o corpo decomposto
De manhã foi encontrado
Mas que sorria o seu rosto
Um sorriso enigmático

My thanks to Alexandre Dias for bringing the score of “Borboleta do Natal” to my attention.

 

Copyright © 2002–2016 Daniella Thompson. All rights reserved.